Não é culpa de ninguém

Ele passou a noite em meus braços,
quando soube que ele estava deixando este mundo.
Eu senti as células do corpo dele degenerando.
O corpo dele adotaria um estado de completo caos.
Isto o consumiria.
É assim.
Não é culpa de ninguém.
Muita coisa não faz sentido.
Buscamos.
Tentamos entender e não encontramos explicação.
Procuramos colocar a culpa em algo ou alguém.
Nem isto conseguimos concretizar.
O mais difícil é que quando ele partir,
Nada restará de mim.
Nada de luz.
Nada de ilusão.
Nada de cor, sabor.
Vazio andando sobre a terra.

A força

Lágrimas escorreram dos meus olhos e não tentei disfarçar.

Estou doente.

O sofrimento me fez a pessoa que sou.

Um grão de poeira solitário, à deriva, flutuando, sem vínculo com nada nem com ninguém.

Ambiciono o sossego.

Sonolentos amanheres.

Longas madrugadas silenciosas e produtivas.

Tardes preguiçosas.

Noites paradas.

Ir trabalhar calada.

“Bom dia fulana(o)”

“Tchau.”

“Eu não me lembro.”

Fique você com o teu ouro.

Com tuas terras.

Com teus carrões.

A bicicleta é o que precisa meus pulmões.

Uma riqueza de 5 anos bebendo todo dia litros de malte escocês matou meu querido marido.

Cirrose.

Lágrimas escorrem dos meus olhos e não tento disfarçá-las.

O sofrimento me faz a pessoa que sou.

Um grão de poeira solitário, à deriva, flutuando, sem vínculo com nada nem com ninguém.

Isto é tão bom.

Eu quero apenas ver as crianças crescer por mais um tempo.

Abraçar elas, observar seus olhos sorrindo.

Preciso deste sossego.

Minha fúria é terrível.

Eu mato sem arrependimentos.

Por isto abraço a paciência, a tolerância.

Outro dia eu vi você tão triste naquele carro importado.

Fiquei feliz por nossos caminhos nunca terem se cruzado.

Nada posso fazer e mesmo que pudesse, não faria nada por você.

Este caminho glorioso é todinho teu.

Roupas de grife, jóias, Ibisa, etc…

No final, a idade, o tempo lhe reduzirá a uma boneca mal feita de barro.

Os predadores, carniceiros e piratas roubarão todos os teus tesouros.

E em muito pouco tempo será para sempre esquecida(o).

Não fique triste você não estará sozinha(o).

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O Calor Aumentou na Cozinha

Verdade.

Neste momento alguém está fervendo leite.

Inventaram as medidas do nada.

Rápidos e enlouquecidos.

Ninguém conseguiu provar como surgiu a primeira.

Fruto da imaginação que atinge nossas vidas.

Existem tantas.

Existe o decímetro, milímetro, centímetro, metro, milhas, polegadas, pés, quilo, onça, arrouba, segundos, minutos, horas, dias, semanas, anos, séculos, milênios.

Existem medidas sem fim e elas são de todos os tipos não tem apenas a ver com números, cada povo tem suas tradições, cada um tem as suas leis.

Tem povos que acreditam na lei criada por homem e outras criadas por homens que disseram que as leis vieram de um deus, portanto são leis de deus.

Tem pessoas que acreditam na lei dos homens.

Tem pessoas que acreditam na lei de deus.

Neste momento alguém está coando 5 litros de café.

Tem pessoas e nações que acreditam nas duas ao mesmo tempo.

Onde está a verdade?

É muita ingenuidade fazer a pergunta acima.

Toda verdade demanda algum padrão, alguma medida.

A verdade exige algum critério.

Precisa de uma base, um parâmetro.

Neste momento alguém está picando meio quilo de legumes para uma torta no forno pré-aquecido a 180 graus.

Um vínculo de ódio mútuo por exemplo, fornece uma medida comum, pois mostra, que os oponentes estão considerando o mesmo tipo de coisa em sua desavença.

O objeto que gerou o ódio, não importa muito. Pode ser qualquer coisa, deste uma colher de chá até duas toneladas de carne ou cereais.

As convicções das pessoas quanto o que é certo e errado variam segundo o que conhecem, estudam e sabem no lugar em que vivem ou foram criadas.

Sob a luz ou mergulhado na treva estando vivo há sempre algo a aprender.

Na luz alguém pode aprender coisas negativas.

No escuro outros podem aprender coisas positivas.

E vice-versa.

Não é apenas uma ditadura militar que nega às pessoas seus direitos humanos básicos; muitas tribos que habitam as florestas e seitas religiosas também fazem a mesma coisa.

E neste momento alguém está preparando massa de pizza lendo a receita errada ao mesmo tempo.

Houve um mundo com casebres, barracos, casas, casarões, sobrados, mansões, palácios, castelos, bairros, cidades.

Mundos planejados que saíram do controle para sempre.

Todos com divisões, paredes.

Em todos estes lugares existiu verdade.

Entre paredes, gerações haviam existido, perecido, festejado, chorado, urdido, progredido, vencido e atrofiado.

Grandes verdades.

Saibam que neste mundo, incontáveis gerações de pessoas tem vivido e morrido, celebrado e pranteado, conspirado, prosperado, triunfado e definhado.

Isto não que dizer que a verdade é sempre a mesma, ou igual.

A luz forte morde as águas que escorrem pela rua, autoestradas, serras, por entre rochosas cordilheiras e precipícios.

O cansaço físico mais esgotamento mental, presenteia o ser humano com a paz cinza de uma demorada ausência.

Esta é uma medida para a criação de um tipo diferente de verdade.

Este vazio insensível atira corpos ao repouso que dorme sonha some.

Onde está ele?

Onde está o colecionador de verdades?

Impulsionados pelo vento o pessoal vai para tudo quanto é canto.

O vento também é uma medida de verdade.

E neste momento alguém está cozinhando brigadeiro.

Entusiasmadamente com muita curiosidade comem as inovações tecnológicas.

A curiosidade é uma mentira da verdade para alguns.

Já foi dito, toda verdade exige algum tipo de medida.

Entusiasmo cria venenosas verdades para outros.

As verdades não são verdadeiras ou falsas em si, mas dentro de um sistema de pensamento ou segundo certas regras que põem sua veracidade à prova.

Dois mais dois são quatro, mas isso somente porque, quando aplicamos as regras da adição corretamente, o resultado é sempre quatro.

O valor de um par de sapatos, por outro lado, pode ser diferente segundo ele seja dado a um indigente ou a um monarca, mas nos dois casos esse valor é um valor para alguém.

Em ambas as situações, a medida da verdade é externa àquilo que ela avalia.

De que modo podemos avaliar a própria medida, é uma outra questão, e nem sempre é fácil respondê-la.

Na Irlanda, o aborto é considerado pecado mesmo que a vida da mãe esteja em risco, enquanto na China o aborto é considerado um dever moral a bem do controle populacional.

Neste instante, alguém está fritando pastéis.

 

Mais-Bobagens-Mentiras-e-Invenções

2017

Texto/Conto: Mais Bobagens Mentiras e Invenções

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Conheci a Raena.

Achei ela ótima.

Optou pelo silêncio.

O que Raena podia dizer?

Bom, na minha opinião, ela não podia dizer muita coisa.

Hoje em dia, muitas vezes a gente calado sem falar nada já está errado…

Somos reprimidos e rastreados, por parentes, colegas, instituições, grupos sociais, etc…

Mas pensar, ela pensava.

É difícil dizer o a gente pensa.

Elaborar pensamentos, conseguir juntar ideias, sentimentos e palavras é muito difícil mesmo.

As palavras não são o suficiente, mas é tudo que Raena tinha para brincar.

Provavelmente, ela ainda brinca.

Ela brinca com palavras na cabeça dela mesma.

Mas ela não fala muito.

Quando ela conseguia dizer algo a respeito do que pensava, era perseguida, arrumava inimigos, perdia emprego.

Por isto, passou a guardar seus pensamentos para si mesma.

Ela sussurrando, uma vez me disse muitas coisas numa madrugada de novembro que há tempos foi engolida pelos anos.

O mundo está em guerra desde que a vida apareceu.

Nunca houve um segundo sequer de paz desde então.

Deuses passaram por aqui, e alguns decidiram ficar.

Anjos caminham sobre a terra.

Demônios também.

Monstros, existem e são numerosos.

A maior parte dos monstros são pessoas.

Algumas pessoas nascem monstros.

Outras pessoas tornam-se monstros.

Muitas abrem seus olhos, coração e deixam monstros entrarem.

Depois eles nunca mais vão embora.

As pessoas querem o poder.

As pessoas lutam, mentem, matam, roubam para ter poder.

Quando chegam ao poder, o poder as enlouquece.

Desgraças acontecem.

Parentes morrem.

Existe todo o tipo de colisão.

Muito cadáver estendido na estrada da vida de quem busca o poder.

Quem somos nós, apenas uma centelha semi lúcida de consciência, para dizer o que é, e o que existe na nossa escuridão?

O que existe na fria vastidão do universo?

Quem sabe o que nos aguarda, depois que o véu da morte é atravessado?

Quem somos nós, para dizer que conhecemos a nós mesmos?

Quando você fica inconsciente, talvez outras coisas possam usar o seu corpo.

A maior parte das pessoas, vive inconsciente o tempo todo.

O tempo todo.

Atividades lúdicas fazem bem.

São serviços ofertados para manter a roda a girar.

As pessoas precisam de todos os tipos de cuidados, e hoje em dia ninguém sabe mais cuidar de si mesmo.

Paliativos ou lenitivos não curam a doença.

O passado existe, mas a memória que uma pessoa tem do passado é apenas uma ilusão.

O futuro não existe, por que o futuro é apenas uma possibilidade criada pela ação deste momento fugaz.

A paz é saber ficar quieto em um canto bem gostoso, sem ser incomodar o mundo e não deixar o mundo te incomodar.

A paz não serve pra nada, só a guerra é útil.

Se todos pensassem igual, estaríamos na idade da pedra até hoje.

Ela me disse, que apesar de todas as minhas boas intenções; eu sou um inútil e nada do que eu faça fará diferença nenhuma, na minha história nem na história de ninguém.

Disse que eu nunca passaria fome, mas nunca seria rico, porque eu não sou deste mundo e não me importo com as coisas que os outros seres humanos se importam.

Disse que o meu fim será terrível e eu serei totalmente apagado do livro da vida e nunca mais voltarei a este mundo.

Disse que eu lutaria e venceria gigantes, mas era porque eles precisavam perder.

Eu seria anônimo e seria esquecido a todo momento e isto, é uma dádiva que me foi dada.

Disse que eu um dia, seria um ótimo monstro e ceifaria vidas como a peste.

Disse que meu gene nunca vai permitir me entregar sem luta, quando fosse necessário seria cruel, violento, gostaria disto e um dia, eu não me arrependeria de nada.

O amor nunca atrapalharia minhas decisões, e por isto, ela tinha pena de mim.

Naquela madrugada de novembro que há tempos foi coberta pelos anos, acho que eu a abracei e beijei seus lábios que estavam quentes.

Raena, a meus olhos, era muito bela e agradável.

Sempre gostei de escutar coisas diferentes, e reflito sobre qualquer tolice mais boba que consiga escutar até hoje.

Mas eu não deixo entrar nada.

Depois de anos ao relembrar, acho que muito do que ela disse faz algum sentido.

Realmente não sou capaz de encaixar todas as peças de um quebra-cabeça.

Nunca fui bom nisto.

Mas certas coisas ficam gravadas na gente.

Querendo ou não.

Se o passado é um lugar, garanto que por mim, ele jamais é visitado.

Mas as palavras, ideias, conjecturas, reflexões, mentiras e invenções; até hoje acho fascinantes.

Eu vivo na companhia apenas de mim mesmo num universo escuro cheio de criaturas que não tem nome, e isto é o suficiente.

Mas com o tempo, descobri que o monstro existe.

O monstro fez muitas coisas.

E realmente, existem mais coisas entre o céu e a terra que supõe a nossa vã filosofia, como disse um escritor da Inglaterra.

Espero sinceramente que ela onde estiver hoje em dia, esteja bem.

Linda pessoa a Raena.

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Até Breve

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😀

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Ela: A Ciclista

2017

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Conto

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Um dia eu entendi.

Entendi uma coisa.

Entendi mesmo.

Movimento é vida.

Movimento é vida e eu sou uma ciclista.

Não sei dizer a época que eu Ana, resolvi ser ciclista.

Mas sei que isto é muito bom para mim.

Sabe, eu tenho carro.

E é um carro bem legal.

Mas eu tenho marido e dois filhos adolescentes para cuidar e carro, custa mais caro que manter dois filhos e um marido.

Eu Ana, acho que carro é bom pra viagem longa.

Viagem longa tipo de um Estado para outro.

Mas usar carro na cidade pra euzinha, eu acho um porre.

Tem dias que eu não posso o carro usar.

Tem multas adoidado e tem radar.

Ficar vivendo com medo do meu carro ser roubado…

Nunca acho vaga de estacionamento…

Acho que não nasci para passar raiva, nem pra ser vítima.

Tem mais…

Tem as crianças a me pedir para ir a lugares que elas realmente não precisam ir.

E tem meu marido preguiçoso que adora dirigir o meu carro.

O trato é ele abrir mão de gastos pessoais dele, e sustentar o nosso carro.

Ele, meu marido é um cara bem legal até.

Ele faz o que pode pra ajudar a família, mas no final, quem sustenta tudo sou eu mesma a Ana.

Eu sou uma mulher ciclista.

Eu sou mãe dos meus filhinhos.

Eu faço meu marido gritar de alegria nas noites que eu quero, se é que você me entende.

Eu decidi dar minha vida a eles.

Mas pra eu Ana poder pegar a grana, eu tenho que estar em movimento.

Movimento físico e mental.

E eu sou uma Ana que faz a empresa da vez, ter o maior lucro possível.

Se empresa pisa na bola comigo, quem sai perdendo é ela.

Quando eu era suave menina fofinha na escola, as outras meninas, me chamavam de Ana Banana.

Eu gordinha, não chorava na frente delas.

Eu chorava no conforto do meu quarto no apartamento dos meus pais.

Pena que meus pais não estão mais aqui no mundo comigo.

Mas eles me deixaram de herança amor, pagaram meus estudos e deixaram até investimentos que eu vou administrando calada.

Ninguém sabe.

Só a Ana Banana sabe.

Talvez você não acredite mas, de banana eu não tenho nada.

Eu chego onde quero chegar, faço tudo nos conformes.

Mas eu chego lá sempre pedalando e ai de quem venha fazer graça com euzinha.

Eu pedalo!

Eu pedalo mesmo!!!

Eu chego aonde eu quero rapidinho e vejo o tráfego e prevejo situações de risco a integridade do meu ciclismo.

Mas tem coisa que me chateia.

Uns cachorros e cachorras.

Quando eu saio do prédio, tem uma cadela de rua bonita e amarela que me late.

Ele me conhece.

Não gosta da Ana, mas tem medo.

Ela me late e eu direciono a bicicleta em cima dela.

A cadela senta de bunda no chão e desvia.

Eu ralho com ela.

Ameaço persegui-la e ela sai trotando e latindo de raiva pra longe, olhando pra trás onde eu estou.

Todo dia é isto.

Eu não quero nunca fazer mal a ela.

Ela não quer me morder, acho…

Mas a cadela todo dia fica me esperando pra latir pra mim a Ana.

Acho que ela quer que eu saiba, que ela não gosta de mim.

Ou talvez, esta cachorra me ame.

Acho que eu sou a única pessoa no mundo que dá alguma atenção a ela.

Mas eu tenho tanta coisa pra fazer.

Eu vou pedalando para o trabalho.

Eu vou pedalando pra tudo quanto é canto.

No percurso, sempre uns dois ou três cães latem para mim.

Eu enfrento eles.

Eles sabem que eu não tenho medo.

Eu encaro as paradas.

Eu sou Ana a ciclista.

Todo dia quando eu pedalo, só o meu bom-senso e minha experiência na Bike salva minha vida.

Eu sempre chego lá e sempre chego mais rápido que carro e buzão, por que eu conheço atalhos que veículo nenhum passa.

E na minha Bike, congestionamento não é problema.

Eu dou é risada.

Eu evito rotas de motoboys.

Amadores.

Eu descobri centenas de caminhos alternativos na cidade.

Eu avanço por escadarias, pedalando e pulando de lado.

Sou una com a minha Bike.

Atravesso alamedas e caminhos esquecidos, é quase um mundo paralelo outsider.

Em certas partes do percurso encontro outros ciclistas e temos uma rede de contatos.

Qualquer treta com um celular meia boca, eu aciono o alarme.

Sempre aparece alguém.

Eu mesma já ajudei outros ciclistas.

A gente sabe se virar.

Uma vez um cara tentou levar minha Bike usando uma faca.

Você não sabe a perna forte que uma ciclista tem.

Eu dei um chute na canela deste cara.

Foi tão potente o chute que a perna dele quebrou.

Eu tive sorte e naquele dia descobri que era destemida.

A gente não deve nunca abusar da sorte.

Só me preocupo um pouco com os cães…

Medo meu.

Eles são milhões nesta cidade.

Infelizmente existem casos de violência entre matilhas e pessoa.

Eu sempre tenho umas bombinhas de cem quando tem muito cachorro amontoado por perto.

Gostaria que cuidassem melhor dos animais.

Mas o mundo não se importa com ciclistas, vai dizer que ele se importa com o bem estar dos cachorros desta imensa cidade?

Eu me importo.

Bom, meu nome é Ana.

O dia amanheceu.

Eu estou alongada.

Minhas pernas são fortes e bonitas.

Eu me sinto uma mulher bonita.

Vou trabalhar, ganhar dinheiro e vou ver o mundo!

Estou nas ruas agora.

Tem um bom sol nascente neste momento enquanto estou pedalando.

Vem endorfina!

Vem!

A delícia!

Apesar do capacete, o vento sopra meus cabelos.

Este mundo todo é meu.

 

Até Breve.

 

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Obs:

Uma boa bike pra pedalar pelo mundo, não pode ser muito cara. Bike cara chama assalto e latrocínio. Viaje leve. Cuide-se bem! Abs.

–Ana

(ex Ana Banana)

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Ela disse: Walter…

2017 – Conto

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Walter teve uma crise.

Isto aconteceu faz um tempo.

Walter inteligente.

Foi criança inteligente.

Amou e foi amado pelos pais.

Era bom estudante desde pequeno.

Teve o melhor estudo possível.

Estudou e foi estudado pelas instituições de ensino por onde aprendeu.

Inteligente o bastante para conseguir sobreviver sem cometer crime.

Educado, sofisticado, visionário para saber que o esquema era simples.

Esquema cruel e simples.

Eu era amiga dele.

Desde criança eu era amiga dele.

Estudamos juntos.

Crescemos perto um do outro.

Crescemos.

Ele me desejava desde novinho.

Mas eu sabia que eu não era para ele.

Eu também sou esperta.

Ele me idealizava.

Via uma menina e depois uma mulher que não era eu mesma.

Porque eu sei quem eu sou.

Ele ia se decepcionar, e eu não queria de forma alguma ferir o Walter.

Ele era perfeito e correto.

Eu queria e quero o proibido, quero o selvagem.

Enfim queria um homem que não fosse meu irmão.

Na minha cabeça, o Walter é meu irmão até hoje.

Os dias passaram.

Dinheiro foi ganho.

Dinheiro foi gasto.

Sempre fomos companheiros amigos e nos ajudávamos quando acontecia todo o tipo de problema, fosse no trabalho, fosse nos problemas cotidianos.

Euzinha tirei ele de muitas enrascadas e ele fez o mesmo por mim.

Walter continuou estudando e trabalhando.

Eu depois de estudar bastante passei a aprender, cara de pau, as manhas, macetes, malandragens para continuar me mantendo no jogo.

Eu queria e quero até hoje amor, dinheiro e poder.

Sou viciada nisto e assumo sem problemas.

Ao mesmo tempo tenho nojo disto e assumo paradoxos sem problemas.

Mas Walter era mais que eu.

Não sei como pode alguém ser mais que eu, mas ele era.

Admito contrariada e admirada.

Walter era mais profundo.

Profundo.

E Walter foi tão fundo que se perdeu.

Ou talvez descobriu uma grande verdade e começou a beber. Beber e beber.

Já era alto funcionário de um banco famoso quando chegou a este ponto.

Ele era um gênio. Com livros publicados e era uma pessoa que gerou milhões. Manipulou o capital, ações, documentos para grandes empresas.

Por isto, por ele saber demais e saber ficar de boca fechada que ele foi aposentado com 38 anos pelo banco.

Foi aposentado ganhando um salário de uns 12 mil reais por mês.

Muito bem menos do que ele merecia.

A gente morava no mesmo condomínio.

Eu com meu marido e meus filhos que vejo tão pouco mas que mantenho como reis.

Ele após a morte de seus pais sozinho em uma casa enorme.

Mansão.

Nesta época, eu acho que o cérebro do Walter já estava deteriorando-se.

Isto não o impediu de me ensinar como beber e ficar no grau e sobreviver para contar a história.

Ele era engraçado nesta época.

Walter saia a pé da mansão onde tinha um monte de carro caro.

Saía de sandálias, bermuda jeans rasgada, surrada mesmo.

Tipo uns dias sem fazer barba, camiseta de algum time e ia para um boteco que ficava ao lado do condomínio.

Um boteco tipo copo sujo.

Lá ele ficava desde as nove da manhã até as quatro ou cinco da tarde bebendo doses de aguardente.

Tinha vezes que virava noites naquele pé sujo.

Eu levava ele arrastado ao médico quando podia.

Cuidei dele mais do que cuidei dos meus filhos na época.

Mas ele conseguiu ganhar uma bela cirrose.

Numa época em que tudo estava indo muito, muito bem para euzinha, resolvi numa manhã de sábado fresco e azul, passar umas horas com ele naquele copo sujo.

Lá ele me ensinou a fazer coquetéis a começar de baixo teor alcoólico e ir subindo o teor dos coquetéis até quase um êxtase alcoólico e depois ir baixando até dar sono e ter vontade de casa, cama e sono.

Nossos diálogos foram magníficos e teses de doutorado foram escritas graças as ideias desenvolvidas naquele dia.

Você não sabe mas naquele dia, acho que eu e o Walter mudamos o mundo.

Aí fica esquisito.

Eu não entendo.

Walter morreu de cirrose.

Euzinha e uns quatro ou cinco amigos fomos ao enterro.

Como alguém que dominava a técnica de se embriagar tão bem morre de cirrose?

Anos passaram.

Hoje eu entendo.

Minha juventude passou.

Eu venci.

Sou rica pra caralho.

E estou farta!

O tal copo sujo que tinha fechado anos atrás após a morte do Walter…

Eu comprei o terreno e os terrenos ao lado e mandei abrir o copo sujo de novo.

O pior, é que estou ganhando um dinheiro absurdo com ele atualmente.

Eu vou lá todo dia.

Mas vou lá só para beber.

Não falo muito.

Vejo meus filhos passando em carros turbinados.

Vejo meu marido bobo passando com, não sei quem toda noite e nem ligo.

Vou bebendo.

Vou sorrindo.

Aprendi até jogar baralho e aposto.

O chato, é que mesmo caindo de bêbada, eu quase sempre ganho mais dinheiro no jogo do que perco.

Espero que a cirrose venha logo.

Quero saber aonde Walter está.

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Até Breve

😀

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Defina o Universo

Prova de Conhecimentos Gerais (conto)

Faculdades EAD

 

Prof.: Selere

 

1 – Descreva o Universo. Dê três exemplos.

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R:

Eu acredito que o universo é um sistema perverso que no final, está destinado a falhar.

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Pode demorar quinhentos milhões de anos ou mais, mas, de qualquer forma vai falhar e entrar em colapso.

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Todas estas pessoas tão, tão preocupadas lavar e encerar seus carros, salvar a camada de ozônio, salvar as baleias, salvar as florestas e nenhuma delas preocupadas em mudar a si mesmas e, o mundo não muda sem as coisas/pessoas que o fazem funcionar. (Perdoe-me por não dizer “fazem o mundo girar”, porque pessoas não podem fazer isto.)

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Não que uma mudança mundial fizesse o Universo durar para sempre.

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Esta é a minha opinião, e se você não concorda comigo, então isto é problema teu, por favor não me mande mensagem dizendo que estou errado(a), porque nenhuma opinião tem sempre que ser certa ou errada e isto inclui a tua.

 

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Resposta do professor Selere:

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Nota zero. Eu disse para você DESCREVER o Universo e dar três exemplos. A resposta correta seria:

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Isto é impossível.

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Até o próximo ano, repetente.

A substância triste

2017 – Junho

 

Comida! E é? É sim! Foi comida! Comida adoidado!!! Não pode ser. Com certeja isto é apenas um boato. Nem isto deve ser.

 

Num sonho. Foi em um sonho.

 

Um sonho sem vergonha e safado? Quem é que não gosta?

 

Sem querer te fazer pensar besteiras, vou destilar esta historia sem enrolação. A fonte é segura. Um amigo da sogra que é cunhado de um padrinho dela que, conhece meu ex vizinho(a) do prédio onde relativamente morei a pouco tempo se não me falha a memória.

 

Tem um fulano(a) metido(a) e esperto(a), nada original que teve um sonho interessante e curioso…

 

Sonhou sem saber de onde, sobre comida.

 

E a comida era viva. Falava. Viajava. Curtia mais que playboy MUITO milionário.

 

Sonhar sobre comida… Hmmm. É tão comum. O sonho foi mais ou menos assim:

 

A comida que a gente come viaja muito antes de chegar na mesa da gente. As vezes meio mundo de viagem.

 

Passa por dezenas e dezenas de mãos. As comidas mais baratas vem de alimento industrializado.

 

O alimento industrializado pode e viaja mais do que qualquer outra comida. Tem umas substâncias alimentícias que, em seu curto período de existência, viaja mais que você jamis irá viajar em toda a tua vida.

 

Você vai no mercadinho da esquina e encontra uma latinha de comida gostosa que todo mundo tá comendo e comprando. É gostoso, tem vitaminas e é barato, mais barato que todas as outras. Mas… É uma latinha triste.

 

Uma latinha ou uma substância em tonéis (centenas de tonéis) muitas vezes é órfã.
Sem um pai ou mãe que lhe assuma; não tem nenhuma foto para te provar que rodou por exemplo, da Ásia para para o México, foi reprocessada e enviada para a Europa onde foi reprocessada e enviada para a América do Norte onde foi reprocessada e depois enviada para a Argentina onde foi diluída e reprocessada, depois foi enviada ao Paraguai e lá aconteceu coisas incríveis e assombrosas com ela. Depois ela cruza ilegalmente uma fronteira.

 

Notas fiscais são forjadas e agora a comida está em algum depósito em São Paulo.
Distribuidores de alimentos engalfinham-se para obter o produto que será reempacotado em recipientes cada um com uma marca bonita diferente.

 

A comida recebe um forte tratamento de marketing e representantes dos distribuidores começam a oferece-la primeiro como teste nos lugares mais pobres e carentes do Brasil, onde a morte das pessoas não causa repercussão nenhuma. Ainda mais se for a longo prazo.

 

No final, todo mundo acaba comendo um pedacinho…

 

Nham, nham…

 

Sonho delícia.

 

😛

 

 

 

Até Breve

Um sonho povoado esquecido e deslumbrante

 

 

 

2017 Janeiro
Um sonho povoado esquecido e deslumbrante

 

A Carta de Uojahfel
Meu caro senhor,

Saiba que depois de tua vinda a este lugar esquecido, as luzes acenderam-se nas mentes vazias de todos nós deste povoado.

Isto que sou eu, um velho e cansado instrumento, agradece.
O modo como tuas lâminas e teus homens abriram caminho pelos espinhosos dentes das serras, pelas folhas afiadas das distorcidas matas encipoadas foi algo titânico. Não encontrei referência em nenhuma enciclopédia.
Há tanto tempo estávamos esperando a chegada de um libertador. Do libertador. A tantas crianças e adultos falei vezes sem conta que a terra era imensa enquanto os ensinava a escrever e ler nos vários salões da vasta biblioteca que não estão em ruínas.
Falei a eles sobre o grande pacificador que és tu. Tu um dia virias e tínhamos de estar preparados. Falei a eles sobre os gigantes e também sobre os inomináveis, assim como sobre os livros do enlouquecido Ragulli, do enfeitiçado Paheeit e o possuído Wullamad.
Parece que a estrutura desta guardiã do conhecimento, é tão imortal quanto o sol. Tão imortal quanto o conhecimento que ela encerra.
Imortal também é tua glória, meu senhor. Marcaste a face do mundo. Depois de ti, nada nunca mais será o mesmo. Tu sabes, eu sei e todo o mundo conhecido também.

 

Ficaste surpreso ao saber que aqui no meio desta natureza impiedosa, selvagem cheia de penhascos, rios furiosos, feras, cobras, escorpiões, aranhas e fantasmas existia um povo que sabia falar, ler e ainda por cima; eram bibliotecários.
Também fiquei surpreso ao saber que ao chegar aqui, estavas apenas conhecendo apenas mais um ínfimo pedaço da vastidão de tuas terras.
Triste fiquei quando me disseste a beira do intenso fogo que nunca apaga-se não ser possível conhecer todas as áreas que conquistastes com sacrifícios imensos lado a lado com teus irmãos de armas entre gritos, fogo e sangue no espaço de uma vida inteira.
Eu também me angustio de uma forma parecida mas, encerrado na minha grande mediocridade se comparada a tua incontestável grandeza.
O que me maltrata é saber que nunca poderei ler todos os livros da imensa biblioteca onde praticamente nasci e cresci. Meus pais eram também bibliotecários. Estamos aqui vivendo e morrendo cuidando destes livros há não sei quantas eras.

 

Quando penso nisto meu pensamento pássaro voa longe para trás no tempo meu senhor.

 

 

Vejo tudo tão longe e o que vejo é resplandescente.

 

É cheio de glória.
Abriste uma larga estrada até aqui e calçaste com pedras de granito, massa areia e pedriscos. Teus trabalhadores são da quantidade de países ancestrais que li em tomos há muito dado como perdidos. Tua contabilidade ultrapassa o mais opulento pacificador que tenha tido o privilégio de conhecer através do diálogo com seus historiadores há muito mortos transmutados em sabedoria e palavras que nós aqui mantemos. E que alegria imensa a nossa saber que tu e teus arquitetos planejam reformar a biblioteca. Na verdade, as reformas já estão quase completas, mas planejam ampliar ainda mais a biblioteca. Os carregamentos de livros não cessam de chegar e chegar. Mandaste trazer livros de todas as partes do império para cá. Ó maravilha das maravilhas. Pela luz que ilumina e faz arder este couro encarquilhado que sou como sou feliz agora.
Os escribas geniais que enviastes, os tradutores, os mestres de iluminuras a ouro, os historiadores já chegaram e junto conosco estão trabalhando furiosamente num ritmo que alucina e enche minha bomba sanguínea de calor apesar da velhice que me abraça intensamente.
Ah Alexandre, agora sim! Estamos bem.
Eu, meus pais, minhas filhas, meu povo jamais seremos esquecidos graças a ti pois, estamos com livros. Estamos contigo. A vasta Biblioteca de Alexandria 0.01 é realidade sim e minhas noites são longas três horas de magnífico sono tranquilo. Não há nada que possa deter nosso trabalho.

 

Aqui não é Babel.
A Biblioteca de Alexandria será para sempre.

 

Todo o sempre.
Reverentemente despeço-me de tua grandeza.
Teu servo eterno,
— Uojahfel, o isto.

 

 

 

fim

Conto – Eveer Fredy

 

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Janeiro 2017

 

Eveer Fredy passou por muitas coisas em sua história.

Aquele troço nojento novamente achou sua casa.

Arrebentou uma janela e foi entrando.

Tinha uma forma degradante, suja, viciada, violenta.

Olhos grandes, calmos, profundos irradiando ódio e fúria terríveis.

A linha não estava bem esticada.

Então a criatura tropeçou de leve caindo pelas escadas.

Devia ter tido a perna amputada.

Pesquisou e descobriu muitas coisas.

A humanidade acreditava em muitos Deuses.

Aquilo era algo terrível.

Uma besta assassina invencível de origem ignorada.

Podia ser identificada por quem a conhecesse, até em desenhos antigos da idade média.

Não se acha isto nas ferramentas de busca.

Nunca foi exposta.

Nunca ninguém sobreviveu para contar que ela existia.

Parecia que ele jogava.

Iludia-se e pensava quês.

Ele jogava em um antigo fliperama.

Achava que todos os jogos eram farsas.

As pessoas tinham muitos medos.

As grades de energias estavam cheias de carga.

A criatura cavalgou em forma homem distorcido escada helicoidal acima.

Tinha voz em um vibrato arcante.

Existiam trabalhos malignos acontecendo.

Tudo demorava mais do que se pensava.

Era hora de ir.

Quando a vida terminar, a gente brinca.

Não se brinca com tacapes.

Duros, punitivos, frios e imparciais.

Eram amados.

Os gritos de horror e pavor eram lindos.

Guardados em um cofre.

Uma distração perfeita.

Mas não dá para colocar tudo em um lugar só.

Desafio maior.

Usando escudo redondo metálico ligado com fios remendados a grade de energia carregada no subsolo do prédio, correu em direção a coisa.

Correu com determinação e desapego.

Corpo inclinado para frente.

Correu com a força da amada memória de seus pais, amigos, ex-namoradas e todos os conhecidos que agora estavam além da vida.

Fredy era agora só no mundo.

Aquilo nojento havia matado todos que ele havia colocado os olhos.

Ninguém viu nada, ninguém disse nada pois ninguém imaginava.

Ninguém concebia.

Existência miserável, como podes crescer e florescer rodeada de horrores?

Desde a invasão da criatura a aquele lugar, o ar foi ficando a cada segundo mais frio.

 

Nada fixe.

 

Frio pra burro.

Chocou-se violentamente com o monstro.

Redemoinho o colheu, o fez rodopiar e bater contra as paredes.

O vento gelado o massacrava com garras cerradas.

Atônito tentou segurar-se em algo.

Foi em vão.

Neste vendaval maldito tudo girava a velocidade grande.

Clarões o ofuscaram.

Ele viu o vulto sinistro aproximando-se.

Sua boca secou.

Abriu os braços tentando planar como um dublê de cinema debatendo-se.

Um armário passou voando por ele.

Com o maior esforço agarrou um instrumento metálico pontiagudo ofensivo lendário chamado Ascalon.

Algo adquirido num lugar esquisito do mundo que, percorreu de ponta a ponta sempre fugindo mas, simultaneamente buscava algo para matar coisas que não podem ser assassinadas pelos materiais deste mundo.

 

O ser que emprestou Ascalon, era também algo medonho.
Enlouquecedoramente terrível.
Rígido de pavor combateu a criatura inominável Oshasar, o monstro sem nome, com curtos golpes rudes e ignorantes.
Talvez por sorte, talvez por anos de combate desta vez mutilou, feriu, rasgou o ser asqueroso envolto em mistérios insondáveis.
Sentiu uma dor ardente em seu flanco esquerdo.
com a arma varreu os olhos da criatura, decepou uma mão, um braço e por fim com uma estocada venenosa atingiu o tórax daquela coisa mais impura.
Antes de apagar, viu enorme massa negra em processo de evaporação escapar daquilo, com o berro de milhares de almas partindo para lugares mais produtivos.
Quando voltou a si, viu luzes vermelhas banhando cada pedaço de seu corpo machucado.
Esfolado, viu o rosto de um homem asseado, depois uma mulher com olhos técnicos e bonitos.
Entendeu que estava recebendo cuidados.
Estava em uma ambulância rumo a algum hospital.
Quando se entendeu curado, usou a calada madrugada para evadir-se dali sem permissão.
Estourou o servidor, HD e a central de vigilância do lugar arrastando-se pelos corredores como um moribundo que na hora certa atacava com velocidade serpentina.
Ninguém nota loucos e moribundos nestes lugares entupidos de infelizes.
Roubou o carro de um figurão administrativo hospitalar no estacionamento, trocou as placas com o outro carro ao lado e quebrou o dispositivo de rastreio.
Não havia vigias do lado de fora, o orçamento do mundo estava estourado.
Foi-se embora.

 

Quase hora antes, da boca da aurora.
Quando o dia amanheceu, encontrou-se a trocentos quilômetros daquele lugar esquecido e indiferente.

 

Sentiu alma lavada e seu coração puro, iluminou-lhe a cara limpa, limpa com único sorriso verdadeiro.
Incendiou o veículo em estrada vicinal.
Entrou num matagal.
Caminhou e caminhou.
Saiu dele próximo a um jardim solar em ruínas.
Entrou por um cano largo de esgoto.
Saiu dele com uma mochila cheia de artefatos históricos valiosos, roupas embalada a vácuo e um maço de dinheiro.
Nunca mais foi avistado.
Que se dane.
Novas tempestades aproximam-se.
Montes assombrosos infestados de horrores.

 

 

fim

 

 

Por hoje, é isto. Fique conectado. Mande notícias. Opine. Dê sugestões.

 

— gu1le  😉

A Mata da Mulher Agulha

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Outubro 2016

Título: A mata da mulher agulha

Ela não era escrava, mas não possuía nada. Sua inteligencia afiada era viva. Ela desafiava seus pais e a todos que achava compreender mentalmente.

Então ela provocavas as pessoas mais sábias que ela, mais esforçadas que ela, mais batalhadoras que ela. Pois ela sabia que ela não era grande coisa no fundo.

Ela feria seus irmãos de todas as formas que podia, com palavras tapas e arranhões.

Migrou da casa paterna e tinha ódio dos homens.

Por que ela era uma covarde de primeira, e nunca teve coragem de batalhar pelo seu sustendo honestamente, nem para depenar uma galinha.

Tinha nojo de fazer adubo, mexer a bosta para fertilizar a terra.

Mas adorava comer legumes.

Migrou da casa paterna é um termo carinhoso para ela.

Foi expulsa de casa e na calada da noite, embrenhou-se nas matas.

Foi para longe.

Muito longe.

Ela e sua doença a cada noite fria lhe endurecia o coração miserável, enquanto sua beleza exterior melhorava dia a dia.

A fome lhe ensinou a comer vermes que vivem dentro de árvores podres e, após algum tempo ela adorava.

Chegou em uma aldeia habitada bem desenvolvida, abastada mesmo.

Ela sabia disto por que tinha passado por outras. Não havia parado em nenhuma. Nunca permitiu ser vista por pessoas durante aquela jornada.

Somente as vezes deixava algum viajante lhe ver, e em troca de uma moeda, bebia o líquido que sai dos homens quando sentem prazer.

Depois vomitava e ia procurar larvas em árvores podres.

Escolheu esta aldeia para morar.

Achou um riacho escondido nas proximidades.

Lavou-se.

Usando uma pequena faquinha que roubou durante sua viagem, raspou as pernas e as axilas. Vestiu-se com uma roupa que nunca usou desde que fora ejetada da casa paterna. Roupa feita pela mãe comprada com o suor do pai.

Entrou na aldeia com com uma agulha, um carretel de linha e uma tábua de 50 centímetros.

Usando a tábua, fez um banquinho e começou a cantar:

“Constureira, costureira, costureira”

Remendou algumas roupas, conseguiu uns tostões, afugentou vagabundos e prostitutos como ela.

No fim da tarde retornou as matas, removeu as roupas, vestiu seus trapos, pescou um peixe, comeu-o crú, achou larvas e também comeu.

Amarrou-se com uma corda em um galho confortável para não cair. Árvore mata-bicho. Dormiu.

Voltou a aldeia no outro dia e no outro e no outro…

Prosperou.

Arrumou um homem rico fraco e submisso.

Ela se refez e teve filhos sem amor, emasculou-os e os enlouqueceu.

Levou-o marido ao suicídio.

Começou a disputar o poder.

O direito ao poder.

A aldeia havia virado uma cidade.

Anos depois, foi queimada viva nas fogueiras da inquisição como bruxa.

Ninguém nunca soube seu verdadeiro nome.

Abs.

gu1le

 

 

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Acredite naqueles que buscam a verdade

2016

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Acredita naqueles que buscam a verdade.
Duvide daqueles que a encontraram

— Andre Gide

Escreví uma prosa no fórum toca da coruja e foi muito elogiada.

Falava sobre um homem e uma mulher… um texto com menos de vinte linhas.

O engraçado é que lá sob o nick gu1le, eu escreví uns 100 textos ou mais alguns com 400 linhas e, quase nunca ninguém comentou nada, fora Lancelloti.

Escrevo direto lá faz seis anos.

Sou responsável por pequenos, tenho família.

Família real e virtual.

Passei dos trinta faz tempo.

Muita coisa mudou em mim.

Não penso no passado.

Faltam 15 minutos para acabar o download de mais um sistema operacional e estou com sono.

Acordei faz pouco, tirei a barba.

Estava enorme, com quatro dedos de comprimento no queixo com fios brancos.

Ontem, os pequenos foram ao parque de diversões.

Dormi assim que a babá os levou.

Acordei as quatro da manhã.

Acho que estou com sono de novo.

Limpei os dentes com fio dental direitinho, e escovei eles duas vezes.

Limpeza completa.

Bochechas, língua, céu da boca, gengicas e dentes em várias posições de escovação.

Depois listerine.

Tudo que você precisa nesta vida, é ignorância e obstinação, aí sim, o sucesso é certo

— Mark Twain

Minhas canetas estão acabando.

Minhas costa doem quando limpo a varanda, mesmo tendo quem faça isto por mim, eu faço.

O segredo da saúde é carregar baldes e baldes cheios de água e limpar alguma coisa.

Qualquer coisa.

Ando escrevendo muito no papel e em fóruns e em blogs.

Mundialmente anônimo.

Me pagam para ficar em casa.

Me pagam para ficar fora do sistema.

Obrigado.

O tempo passa e não conto o tempo.

Pouco importa.

Troquei o kernel e mesmo assim recebi suporte.

Criei uma iso do próprio sistema.

Criei dez pendrives com memória permanentee os executei todos em linha.

Papéis de parede Variety/Favorites…

Acho que estou conseguindo recuperar a estabilidade do meu sistema operacional…

Não sei se bloquearam minha internet, vou testar em um celular com cpf aleatório.

Alguns vizinhos tem um boa relação na vizinhança, mas eles são ricos, e ninguém fica rico sem pisar em alguém.

Lembro de um cara que foi assim.

Enquanto dormia em sua leoa, tentando escrever com a mão direita e esquerda.

Não é fácil aprender a escrever com a mão que nunca foi usada para isto.

É muito esquisito.

Porque a gente não tem a mesma habilidade com as duas mãos?

Porque nossos corpos tem que ser divididos em duas partes que não se comunicam bem?

Existem pessoas que conseguem.

São chamadas ambidestras.

Eu uso as duas mãos, mas cada uma faz um trabalho diferente.

A direita usa bem o mouse, a esquerda escreve mais bonito.

A direita é boa para trabalhos manuais brutos e dar murros.

A esquerda desenha e cria o ritmos, dedilhados e solos no violão.

A direita tem mais força física e faz acordes no violão.

Pestanas.

Cria melodias e ponteia solos de Baixo.

A mão direita faz isto.

A esquerda é artística.

Ela pode desenhar o teu rosto se ela quiser.

As vezes, dizer sim; é bem mais simples.

Dizer sim, e deixar a pessoa seguir o caminho que quiser, desde que não atrapalhe o seu objetivo, seu caminho.

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gu1le

🙂